Pesquisa da cesta básica de Alimentos - Novembro (Dieese)
CESTA BÁSICA REGISTRA ALTA DE PREÇO EM NOVEMBRO
A cesta básica registrou forte alta de preço em Salvador, ficando 8,53% mais cara em novembro, na comparação com o mês anterior. Outras capitais pesquisadas também registraram variação elevada no último mês. A cesta passou a custar R$ 323,23 em Salvador, contra os R$ 297,83 registrados em outubro. Em novembro, a cesta de Salvador foi 7ª mais barata, dentre as 18 capitais pesquisadas.
No período acumulado nos últimos 12 meses (de dezembro de 2014 a novembro de 2015), o custo dos alimentos básicos apresentou alta de 26,40% na capital baiana. Nos 11 meses de 2015, a alta está acumulada em 20,69%.
A cesta básica calculada em Salvador pelo DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – é composta de 12 produtos, conforme definido pelo decreto-lei 399 de 30 de novembro de 1938.
SALÁRIO MÍNIMO REDUZ SEU PODER DE COMPRA
Com o aumento no custo da cesta básica em Salvador, o trabalhador soteropolitano, que recebe um salário mínimo, comprometeu 44,59% de seu rendimento líquido com a cesta básica em novembro. Este percentual foi maior do que o comprometido em outubro (41,08%). Ou seja, o poder de compra foi reduzido em novembro.
O salário mínimo vigente desde janeiro é de R$ 788,00. Considerando-se o desconto de 8%, referente à contribuição previdenciária, o rendimento líquido do salário mínimo atual é de R$ 724,96.
Ainda em função da elevação no custo da cesta em novembro, este mesmo trabalhador soteropolitano precisou trabalhar mais para adquirir uma cesta básica. O tempo de trabalho necessário foi de 90 horas e 15 minutos, contra 83 horas e 09 minutos em outubro.
ALIMENTAÇÃO BÁSICA DA FAMÍLIA SOTEROPOLITANA CUSTA R$ 969,69
Em Salvador, o custo da cesta básica para o sustento de uma família foi de R$ 969,69 no mês de novembro. Esse valor é 23,06% maior que o salário mínimo bruto vigente (R$ 788,00). Este custo foi maior que o estimado para o mês de outubro, quando era de R$ 893,49 na capital baiana.
O custo da alimentação básica da família toma como referência uma família composta por quatro pessoas: dois adultos e duas crianças, sendo que estas consomem o equivalente a um adulto. Ou seja, equivale ao custo total de 3 cestas básicas.
SALÁRIO MÍNIMO NECESSÁRIO É R$ 3.399,22
O DIEESE estima que o salário mínimo necessário deveria corresponder a R$ 3.399,22 em novembro, valor que equivale a 4,31 vezes o salário mínimo de R$ 788,00. O valor estimado para novembro é menor que o apurado em outubro, quando a estimativa era de um salário mínimo de R$ 3.210,28.
Para estimar o valor do salário mínimo necessário, o DIEESE toma por base o maior custo apurado para a cesta básica, que em novembro foi observado em Porto Alegre. Também leva em conta a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.
COMPORTAMENTO DOS PREÇOS
A cesta básica de Salvador ficou mais cara no mês de novembro em decorrência da alta nos preços de 8 (oito) dos 12 (doze) produtos que a compõem. Os outros 4 (quatro) produtos que compõem a cesta registraram queda no preço.
O preço do tomate voltou a registrar expressiva alta num único mês, com variação de 58,14% em novembro na capital baiana. Com o fim da safra de inverno, que havia elevado a oferta e derrubado os preços no segundo semestre, o preço do fruto voltou a subir fortemente nas capitais pesquisadas.
O açúcar foi outro produto que apresentou forte alta de preço em Salvador, com variação de 28,33% em novembro. Apesar da safra de cana na região Centro-Sul, o preço do açúcar segue em alta em todo o país, devido à baixa oferta internacional, ao aumento das exportações e à destinação de grande parte da cana para o etanol, o que reduz a oferta interna.
O óleo de soja registrou nova alta no preço médio na capital baiana, com variação de 14,23% em novembro. Demanda interna aquecida, entressafra no Brasil, exportação em alta e desvalorização cambial explicam a alta de preço da soja e derivados.
A banana registrou aumento de 13,58% no preço médio em novembro, após dois meses em queda. Por ser uma fruta altamente perecível, o que impossibilita a formação de estoques, a banana costuma registrar grandes oscilações de preço de um mês para outro.
O preço do arroz subiu pela terceira vez seguida, registrando variação de 8,93% em Salvador. Apesar do avanço no cultivo, as cotações do grão seguem firmes, influenciadas pela forte demanda.
Dentre os produtos que registraram redução de preço, a farinha de mandioca teve a maior queda, com variação de -8,50% em novembro. A oferta de mandioca tem sido suficiente para atender à demanda da indústria, apesar de os produtores virem priorizando o plantio e não a colheita.
O feijão foi outro produto que ficou mais barato em Salvador. Em novembro, a redução no preço médio foi de 3,82%. No acumulado do ano, o grão está 2,30% mais barato.
O preço médio do pão francês, após oito meses seguido registrando alta, caiu 1,85% em Salvador no mês de novembro. A quebra na produção nacional de trigo, combinada à necessidade de importação do grão a preços mais elevados em função da desvalorização do real frente ao dólar, tem encarecido o grão e elevado o custo do pão francês, cuja principal matéria-prima é a farinha de trigo.
VARIAÇÕES NAS CAPITAIS
Das dezoito cidades em que o DIEESE realiza a Pesquisa da Cesta Básica de Alimentos, todas tiveram aumento do valor do conjunto de bens alimentícios básicos em novembro. As maiores altas foram apuradas em Brasília (9,22%), Campo Grande (8,66%) e Salvador (8,53%). As menores altas foram registradas em Belém (1,23%), Aracaju (3,16%) e Florianópolis (3,54%).
Em novembro, Porto Alegre passou a ser a capital com maior custo da cesta (R$ 404,62), seguida por São Paulo (R$ 399,21) e Florianópolis (R$ 391,85). Os menores valores médios foram observados em Aracaju (R$ 291,80), Natal (R$ 302,14) e Recife (R$ 310,15).
Em 12 meses, entre dezembro de 2014 e novembro deste ano, as 18 capitais acumularam alta no preço da cesta. Os percentuais de alta variaram entre 7,74% em Belém e 26,40%, em Salvador.
De janeiro a novembro de 2015, todas as cidades também acumularam altas. Destacam-se as elevações registradas em Salvador (20,69%), Campo Grande (19,55%), Curitiba (18,81%) e Aracaju (18,76%). Os menores aumentos, que ficaram abaixo de 10%, aconteceram em Goiânia (6,85%) e Belém (5,87%).
JORNADA DE TRABALHO
Em novembro, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 97 horas e 54 minutos, menor do que a jornada necessária em outubro, de 92 horas e 36 minutos. Em novembro de 2014, a jornada exigida era de 91 horas e 44 minutos.
Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em novembro deste ano, 48,37% dos vencimentos para adquirir os mesmos produtos que, em outubro, demandavam 45,75%. Em novembro de 2014, o comprometimento do salário mínimo líquido com a compra da cesta equivalia a 45,52%.
TABELA 1 - PREÇO MÉDIO, GASTO MENSAL E TEMPO DE TRABALHO NECESSÁRIO
SALVADOR – NOVEMBRO/2015 |
PRODUTOS E QUANTIDADES (1) |
PREÇO MÉDIO (2)
Em R$ |
GASTO MENSAL
Em R$ |
TEMPO DE TRABALHO NECESSÁRIO |
CARNE (4,5 Kg)
|
20,66 |
92,97 |
25 horas e 57 min |
LEITE (6 litros)
|
2,92 |
17,52 |
4 horas e 53 min |
FEIJÃO (4,5 Kg)
|
4,25 |
19,13 |
5 horas e 20 min |
ARROZ (3,6 Kg)
|
2,81 |
10,12 |
2 horas e 50 min |
FARINHA DE MANDIOCA (3 Kg)
|
4,09 |
12,27 |
3 horas e 26 min |
TOMATE (12 Kg)
|
4,08 |
48,96 |
13 horas e 40 min |
PÃO (6 Kg)
|
8,47 |
50,82 |
14 horas e 11 min |
CAFÉ (300 Gr)
|
14,34 |
4,3 |
1 hora e 12 min |
BANANA (7,5 Dz)
|
5,52 |
41,4 |
11 horas e 34 min |
AÇÚCAR (3 Kg)
|
2,31 |
6,93 |
1 hora e 56 min |
ÓLEO (900 ml)
|
3,21 |
3,21 |
54 min |
MANTEIGA (750 Gr)
|
20,80 |
15,6 |
4 horas e 21 min |
TOTAL
|
|
323,23 |
90 horas e 15 min |
Notas: (1) Cesta Básica definida pelo Decreto-Lei no 399 de 30 de novembro de 1938 para o consumo mensal de uma pessoa adulta.
(2) Preço médio mensal por unidade de medida de cada produto.
Fonte: DIEESE
|
TABELA 2 - VARIAÇÃO MENSAL, NO ANO, SEMESTRAL E ANUAL
SALVADOR – NOVEMBRO/2015 |
PRODUTOS E QUANTIDADES |
VARIAÇÃO MENSAL (%) |
VARIAÇÃO NO ANO (%) |
VARIAÇÃO SEMESTRAL (%) |
VARIAÇÃO EM 12 MESES (%) |
CARNE (4,5 kg)
|
1,82 |
13,02 |
3,45 |
19,98 |
LEITE (6 litros)
|
-0,68 |
0,69 |
9,36 |
-1,68 |
FEIJÃO (4,5 kg)
|
-3,82 |
-2,30 |
-12,01 |
-3,19 |
ARROZ (3,6 kg)
|
8,93 |
24,94 |
5,31 |
29,58 |
FARINHA DE MANDIOCA (3 kg)
|
-8,50 |
-12,04 |
-15,15 |
-12,42 |
TOMATE (12 kg)
|
58,14 |
84,62 |
-32,67 |
115,87 |
PÃO (6 kg)
|
-1,85 |
6,94 |
3,42 |
5,74 |
CAFÉ (300 Gr)
|
0,23 |
11,69 |
1,90 |
15,90 |
BANANA (7,5 Dz)
|
13,58 |
57,71 |
-12,81 |
84,57 |
AÇÚCAR (3 kg)
|
28,33 |
54,00 |
24,86 |
57,14 |
ÓLEO (900 ml)
|
14,23 |
27,38 |
10,69 |
30,49 |
MANTEIGA (750 Gr)
|
6,85 |
1,50 |
8,86 |
3,45 |
TOTAL
|
8,53 |
20,69 |
-7,13 |
26,40 |
Fonte:DIEESE
TABELA 3 - PESQUISA NACIONAL DA CESTA BÁSICA
CUSTO E VARIAÇÃO DA CESTA BÁSICA EM DEZOITO CAPITAIS
BRASIL – NOVEMBRO/2015 |
CAPITAL
|
GASTO MENSAL (R$) |
VARIAÇÃO MENSAL (%) |
VARIAÇÃO NO ANO (%) |
VARIAÇÃO EM 12 MESES (%) |
PORTO ALEGRE
|
404,62 |
6,26 |
16,08 |
18,10 |
SÃO PAULO
|
399,21 |
4,47 |
12,71 |
14,73 |
FLORIANÓPOLIS
|
391,85 |
3,54 |
10,97 |
13,05 |
RIO DE JANEIRO
|
385,80 |
7,27 |
14,13 |
18,38 |
VITÓRIA
|
378,91 |
6,05 |
13,74 |
14,36 |
BRASÍLIA
|
377,24 |
9,22 |
14,43 |
17,50 |
CURITIBA
|
375,26 |
7,24 |
18,81 |
17,54 |
CAMPO GRANDE
|
368,59 |
8,66 |
19,55 |
21,37 |
BELO HORIZONTE
|
362,19 |
6,96 |
14,60 |
17,00 |
MANAUS
|
352,87 |
4,58 |
10,03 |
13,31 |
BELÉM
|
325,69 |
1,23 |
5,87 |
7,74 |
SALVADOR
|
323,23 |
8,53 |
20,69 |
26,40 |
RECIFE
|
323,15 |
8,52 |
12,84 |
17,75 |
GOIÂNIA
|
321,85 |
3,58 |
6,85 |
8,81 |
FORTALEZA
|
317,86 |
3,80 |
13,36 |
13,28 |
JOÃO PESSOA
|
310,15 |
4,02 |
14,02 |
17,04 |
NATAL
|
302,14 |
5,84 |
12,44 |
16,69 |
ARACAJU
|
291,80 |
3,16 |
18,76 |
20,72 |
Fonte:DIEESE |